segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dia das mães

Maria Gabriela,

Hoje é o meu 1º dia do lado de cá ... graças a você
Se você está pensando que eu vou ficar aqui chorando dizendo que ser mãe é a coisa mais deliciosa do mundo, que te ter aqui comigo é presente do papai do céu, está muito enganada... vou aproveitar que hoje eu tenho crédito, para colocar os pingos nos is.
Enquanto eu era apenas um resort all inclusive com piscina aquecida e ondas estava tudo bem, tudo lindo, realmente foi um prazer tê - la como hospede, só tenho uma reclamação, e esta veio da recepção, você esqueceu de deixar certo o dia do seu check – out, mas relevamos , porque você foi uma boa hospede
Mas depois ... ahhh depois que eu deixei de ser hotel e me tornei mãe (pra você mamãe), a história começou a ser escrita, e totalmente diferente dos comerciais do ministério publico ...
Pra começar, você me escolheu e sabia que eu não tinha nada de parecida com o vovó, como então você quer chegar assim naquele susto, todo mundo correndo, e hoje fico pensando, como é que queriam que eu corresse com aquela barriga e aquele nariz? Não dava e você sabe que comigo é assim: “não dá? Então relaxa”, fiquei tão mosca morta naquela tarde de quinta-feira que acho que a vontade da médica era me pegar no colo .... e depois, você cuspindo lá de madrugada, aff né, eu ali toda anestesiada e você fazendo gracinha, sorte que a minha mãe estava comigo para me consolar e dizendo que educação vem de berço e que você não tinha, porque não tinha ido para o seu berço ainda... Daí, você quis brincar de pintinho amarelinho e a medica não gostou nadinha da brincadeira ... sabe quem pagou o pato? Claro, eu, que fiquei doidinha lá com você naquela caixa, (eu sei que a mensagem subliminar ali naquele momento era que você era uma jóia rara, igual destas relojoarias “chiqnourtimo” que fica exposto lá toda iluminada, mas ali naquela bagunça hormonal eu lá ia pensar em enigmas?!) .... pirei mesmo, não conseguia fazer xixi sem te ouvir chorar, tomar banho sem pensar que você poderia tirar aquela venda dos olhos ... saia correndo do banheiro e te encontrava toda boa tomando um bronze (#folgada) ... Tá, saímos do hospital todos pimpão (eu, você, papai e a minha mãe), juro que pensei: “Ual, agora sim a brincadeira vai começar ... vou dar mamá a cada 3 horas, rindo e fazendo olhar de ternura, daí colocarei ela em pé sobre os meus ombros para ouvir um doce arrotinho, e ela caíra adormecida em meus braços, e dormirá por longas 2 horas, quando acordará e eu trocarei a sua fraldinha, olharei para aquele rostinho coisa linda da mamãe e recomeçaremos tudo de novo” .Rá, você brincar dessa brincadeira chaaaata, não, você é das minhas e quer tudo com emoção, o principio era o mesmo: só que com emoção: mamar no máximo a cada hora, mordendo os lábios e fazendo cara que acabou de comer jiló com pimenta, arrotar? Arrotar sim com muita cólica e daí saia de cima e de baixo também e dormir ... no colo de preferência com a barriga coladinha em algum lugar por 15 minutos e acordar aos berros .... quantas vezes eu sai correndo chorando querendo a minha mãe, você fazia um escândalo para peidar que realmente me assustava!
Você foi crescendo, coisa linda, coisa rara e com um humor raro (pra quem você puxou hein?!), eu lembro daquele xixi batizado que você me fez entregar no laboratório só pra me dar um susto, e que susto hein, sustão, sustasso, hoje eu deduzo que você tenha feito isso só para ir morar com a sua vó ... 1x0 pra mim, rá, porque quando o tutelar do menor me ligou pedindo pra mim te entregar para a vovó eu já havia colhido um xixi novinho e você nem percebeu, um xixi limpinho, livre de bacterias e até ganhei o parabéns do Sr. Tutelar.
Enfim, você está aqui, estamos crescendo e com emoção, desconfio que você será artista circense, porque engolir bolinhas de móbile de cortina, dar peixinho em superfície dura é coisa de artista de circo ou dublê né?!
E assim, de um jeito muito gostoso você me diz que é preciso crescer, que não dá para ser filhinha da mamãe a vida inteira.
E eu? Eu estou gostando disso de ser sua mãe, de aprender a conviver com um amor que eu não tinha noção que existia, um amor que me leva as lágrimas porque você não consegue fazer coco, que me joga na lona por coisas tão pequenas, um amor que não cabe em mim ...
Hoje, o primeiro dia das mães valendo, quero te dizer que você não terá uma mãe com desenvoltura e gracejo, mas te prometo uma vida de aventura, emoção e patetice...
É bem clichê, mas... obrigada por ser tão minha, por ter me escolhido mesmo sabendo que eu não sei nem ferver água, mesmo sabendo que eu iria tampar os olhos para não te ver cair na minha frente, que eu iria te dar comida quente e achar estranho ver você sambar na banheira e só depois descobrir que a agua estava quentissima e lembrar que eu tenho que experimentar tudo.
Obrigado por me amar, mesmo depois te eu te deixar “a ver navios” de madrugada, quando você procurava o peito e eu dormia sentada....
Hoje, por sua culpa, eu sei que eu nasci para isso, e que é o meu melhor papel, e que aquele ditado de que ser mãe é padecer no paraíso é a maior balela ... ser mãe é viver no paraíso, com o carimbo de CULPA MINHA na testa, mas no paraíso sem padecimento, apenas um sentimentinho de culpa....

Te amo filha ...
Obrigado por me fazer passar pro lado de cá

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